Eu já havia escrito, há cerca de um ano e meio, "qual seria a finalidade e o desfecho" da ida do Bolsonaro para o PSL, depois de t...
Eu já havia escrito, há cerca de um ano e meio, "qual seria a finalidade e o desfecho" da ida do Bolsonaro para o PSL, depois de ter flertado com Patriota e outros. E olha que não sou Mãe Dináh, dado que sou escravo de um rotineiro exercício de lógica, mesmo em meio às paixões que nos afligem.
À época, queriam porque queriam que eu também fosse para o PSL a todo custo... Eu não fui. Filiei ao PTB e lá exerço a minha militância firme e serena, constante e coerente, junto a um considerável e coeso grupo de homens e mulheres que amam e querem o melhor para o Brasil.
Agora é, no mínimo, paradoxal o anúncio do "Aliança Pelo Brasil", partido que já nasce com cláusulas pétreas de lealdade e, porque não dizer, quase submissão ao Bolsonarismo. E ser leal presume não pensar diferente. Ordem unida mesmo. Ainda que o próprio Presidente da República mude de opinião com frequência inegável. Um verdadeiro atoleiro filosófico.
Passa uma mensagem muito ruim, a de projeto meramente personalíssimo. E "a ruína", ressalto que entre aspas, com a qual a tropa sai derrotada do PSL diante dos Bivaristas, pode ser apenas o prenúncio de outras tantas derrotas.
E o que eu tenho a ver com isso? Tudo! Sou um apoiador condicional das reformas e desse governo. Precisa dar certo. Temos ideário político-programático semelhante e temos, na esquerda petista, os mesmos e nefastos adversários, que puseram o Brasil em situação calamitosa.
Se eu tivesse grande intimidade com Bolsonaro, eu falaria: "Capitão, senta aqui, escuta um pouco o seu amigo Coronel, afinal eu fiz Escola de Comando e Estado Maior e você, não (risos)... Então, bora prosear um pouco".
"Com leveza, eu seria franco, e afirmaria que não existe Salvador da Pátria e que, também, não existem instituições perfeitas, pelo simples fato de que os homens e as mulheres que as compõem não o são. Ou deixaríamos de ser católico porque existiram padres pedófilos? Ou deixar de ser de uma determinada congregação evangélica porque o Pastor desviou o dízimo?"
Percebam, não estaria defendendo uma repactuação com o PSL. Esse caldo entornou e, a meu ver, não tem mais volta. E continuaria a prosa...
"A única e poderosa condição, sin ne qua non, para que esse governo aumente a probabilidade de êxito, com a consequente reeleição, é que haja a construção de um amplo pacto político, resultando numa verdadeira aliança capaz de resgatar melhores índices econômicos e sociais. Aliás, que já deveria ter sido firmada há tempos, desde o início do mandato."
"Ao contrário, Capitão, a sua gente flerta perigosamente com uma ruptura institucional, que parece ser desejável dada as reiteradas declarações. Não pode! Ainda que seu discurso tenha sido a demonização da política e dos políticos, narrativa fortalecida pela Lava Jato e que ajudou muito na eleição, não esqueça de que o você é, de fato, político."
"E se Platão pregava que não há salvação fora do império das leis, fica fácil concluir que igualmente não haverá fora da política e do fortalecimento das instituições democráticas e republicanas, ainda que tivéssemos experimentado uma espécie de fundo do poço ético e moral. A depender, nada é tão ruim que não possa piorar, em se tratando de um país com dimensões continentais, como o Brasil. Chegamos ao ponto em que o Presidênte do Senado, e do Congresso Nacional, fala em constituinte como se estivesse tomando um cafézinho. Isso não é nada banalizável"
E continuaria...
"Bolsonaro, o perigo é que possa estar sendo conjugado um sentimento megalomaniaco com certo isolacionismo. Quem dentre os seus haverá de dizer que o Rei está nu, sem temer o cadafalso?"
"Saiba que com suas declarações, você foi um ótimo cabo eleitoral para o triunfo da esquerda na Argentina. Antes que seja tarde, mude de postura para não sê-lo também aqui, sob o risco de se ver abandonado pelas demais legendas que são sua base de apoio. Naturalmente, iriam buscar construir rapidamente uma alternativa".
Finalizaria dizendo para rever a grande besteira que foi o péssimo acordo, que está em andamento, entre Boeing e Embraer (sub judice no STF e contestado na União Europeia) e que, ainda que os Estados Unidos possam ser aliados, não fica nada bem quaisquer tipo de postura subserviente para um Chefe de Estado.
Tranquilamente, eu teria um papo reto desses. E se, por uma ironia do destino, amanhã ou depois, e isso não é descartável, Bolsonaro viesse bater à porta do PTB, e pessoalmente eu fosse consultado a respeito, consideraria possível que haja convergência dado o programa do Partido e ser o Roberto Jefferson um político que não foge da luta, ser homem cuja biografia fala por si mesmo, de fibra e de palavra, que, sozinho, enfrentou e denunciou Zé Dirceu e o Mensalão.
Não deixaria de ser muito interessante uma nova versão, no octógono da retórica política, da luta Bolsonaro e Roberto Jefferson contra Lula e José Dirceu. A juripoca ia piar, e o pau ia quebrar. Tudo, sob a arbitragem imparcial do nosso ministro Sérgio Moro (risos).
No entanto, brincadeira à parte, muito há que se respeitar as correntes divergentes e pensamentos outros, de forma a agregar e a fortalecer as relações de confiança, fins materializar, de fato, uma Aliança Pelo Brasil, em torno de um projeto de país, um propósito maior.
Não essa proposta, com todo o respeito, um tanto quanto esdrúxula de criar um partido nessa altura do campeonato e tentar sorver deputados da base aliada, pertencentes a outras legendas. Isso seria grave erro e praticamente poderia caracterizar um suicídio político. Bem provável que eu me declarasse abertamente oposição nesse cenário.
Penso que o Capitão tenha experiência suficiente para discernir essas coisas. Eu? Sou só um Coronel com Estado Maior, sem tanta experiência, sem mandato, mas um estudioso contumaz e observador atento, voluntarista, que não foge de uma boa briga. Um cidadão como tantos outros...
"O EXEMPLO É UMA PREGAÇÃO SILENCIOSA"
Por Mauro Rogério
Cel Av R1 Força Aérea Brasileira
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